Prepotência...
Abuso de poder...
Exibicionismo...
Humilhação...
Constrangimento...
São esses alguns dos impropérios soltos ao vento por determinadas classes sempre que uma figura pública aparece na mídia nacional usando um par de algemas.
Nessa última onda, um vasto segmento de políticos e puxa-sacos capitaneados pelo ministro Cardozo, da Justiça, eriçam os pelos, estufam os peitos e bradam contra o uso dos braceletes pela Polícia federal. Uma gritaria, óbvio, cheia de interesses, parcialidades e medo. Os brados de indignação somente são ouvidos quando o portador das algemas é um político ou um empresário corrupto e amigo, freqüentador dos mesmos ambientes palacianos e burgueses.
Não me lembro de ouvir vozes poderosas e influentes levantarem-se em favor do “Zé das couves”, aquele ladrãozinho de galinhas que se encontra em qualquer esquina, em qualquer cidade. O Zé é algemado, filmado, jogado dentro de um camburão, emparedado numa delegacia, filmado de novo, e (sempre de algemas) jogado numa cela imunda.
Porque motivo os ricos corruptos tupiniquins não podem ser algemados e mostrados em praça pública? Porque comem com talheres de prata e ouro? Bebem vinhos e espumantes em cristais caros?
Os caros defensores dos corruptos fracos e oprimidos poderiam deixar o bairrismo de lado e bradarem, também, contra as algemas nos grandes empresários e políticos da América do Norte e da Europa. Não tive acesso aos jornais em que lamentavam as algemas em Dominique Strauss-Kahn, Michael Jackson, Hugh Grant ou Paris Hilton.
Esse é um assunto que pode ser desenvolvido por páginas e mais páginas, mas se aceitam um óbvio e simples conselho de um Zé que não terá ninguém para gritar, aqui vai:
Não querem ser presos? Não querem usar algemas? Não querem ficar constrangidos em frente às câmaras de TV? Não roubem, não trafiquem, não matem, não transgridam, não invadam as liberdades e direitos de outros. Em resumo, sejam honestos. É bem mais fácil.
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